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Suporte emocional para a paciente com câncer de mama e e câncer de mama metastático
Aurora: Dra. Daniela Freitas Bastos
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A experiência de receber um diagnóstico de câncer de mama pode provocar grande impacto psicoemocional, com a vivência de emoções e estados como desespero, medo da morte, tristeza, dor, angústia, revolta, insegurança, incertezas, sentimento de impotência, ansiedade, inconformismo, preocupação com o tratamento, receio da solidão e até um esforço pela superação frente a essa nova realidade.

Esse momento requer apoio de profissionais, familiares e amigos mais próximos. O tempo de evolução da doença, o acesso ao diagnóstico e o tratamento, assim como a aceitação social e a familiaridade, podem influenciar o processo singular para cada pessoa diagnosticada.

Esse processo não precisa vir acompanhado apenas de perdas e sofrimentos, podendo proporcionar uma nova percepção de si mesmo e de seus valores na vida, trazer novas amizades e ensinar novas formas de ser mãe, filha, avó, esposa, irmã e amiga. Deixe a sua sabedoria interna acompanhar você nessa jornada e aprenda novas possibilidades de dar e receber amor.

As experiências vividas com o câncer de mama mostram a singularidade de cada pessoa envolvida no processo de adoecimento. Do ponto de vista pessoal, é um processo solitário, pois só você sabe qual a sua relação com a própria dor. Falar sobre a doença ajuda a perceber quem a pessoa vai se tornando diante do próprio adoecimento. Compartilhar sentimentos e pensamentos que assombram a vida revela novas perspectivas e ajuda a descobrir caminhos de ressignificação e enfrentamento que antes não eram percebidos.

Ao confirmar o diagnóstico de câncer de mama, as mulheres expressam diferentes sentimentos, desde a surpresa ao receber o diagnóstico, as limitações e as dificuldades dessa realidade, até o medo de morrer em consequência da doença. O impacto da adaptação a nova condição pode apresentar vários desafios, como a possível queda dos cabelos e a consequente perda da autoestima ou a necessidade de aconselhamento sobre saúde sexual, reprodutiva e o relacionamento conjugal a partir do tratamento.

Falar sobre a doença e a sua experiência de adoecimento ajuda a reviver as dificuldades sentidas, a lidar com as expectativas sobre o futuro após o diagnóstico e a nutrir a esperança de conseguir lidar com um dia de cada vez, além de trazer sentimentos de gratidão e desejo de compartilhar com outras mulheres sua própria experiência e se tornar uma referência de vida nesse caminho a ser trilhado.

Orientações e dicas

O câncer de mama também apresenta o desafio da relação que a mulher estabelece com o seu corpo e sua mente. Veja algumas dicas:

Estes são os pequenos passos possíveis neste processo, e reconhecê-los ajuda a ter uma esperança por dia. Aprenda a ser um espaço de amor incondicional por si mesma, se amando por inteiro nessa jornada.

São muitas as mudanças na vida após o diagnóstico de câncer de mama, e ninguém sabe com precisão qual vai ser o caminho a ser trilhado. Surgirão tristezas que nunca haviam sido sentidas antes e outras que estavam latentes podem se revelar. As angústias chegam algumas vezes acompanhadas de desespero, impotência e sensação de fracasso, pois o futuro está ameaçado de não mais existir. Além da vaidade ficar comprometida, podem surgir preconceitos, discriminação e negação da doença, o que leva a apostar todas as esperanças numa possibilidade de cura com cirurgia.

Uma experiência como o câncer de mama pode também trazer uma nova conexão com a vida e de como percorrer esse caminho, pois não é só sofrimento que se encontra nesse processo, mas também surgem novas amizades, novas redes de apoio, novas perspectivas e muitas possibilidades de ressignificar toda essa experiência.

Dra. Daniela Freitas Bastos é psicóloga, especializada em Psicologia Clínica/Psicanálise pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Programa de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vice-presidente da Fundação Elisabeth Kübler-Ross Brasil, voltada para a difusão dos cuidados paliativos e da tanatologia. Docente em diversos cursos oferecidos pela Fundação EKR Brasil. Coordenadora e supervisora de grupos de luto na Fundação EKR Brasil e a profissionais de Saúde em geral. Atuação em consultório, hospitais e domicílios. Atendimento a pacientes, familiares e profissionais de saúde. Atendimento individual com Psicanálise e Terapia do Luto.

Referências

  1. Siqueira LG, Alves APON, Belisário FS, Medeiro EVC, Jesus VF, Barbosa GP. Sentimentos das mulheres ao receber o diagnóstico de câncer de mama. Humanidades. 2014;3(2):70-84.
  2. Cirqueira TQP, Ferreira AGN, Santos MHS, Ferreira APM, Santos FDR, Pinheiro PNC. Relatos de vida de mulheres com câncer de mama. Atas Inv Cual en Salud. 2019;2:1716-1724.
  3. Ribeiro WA, Cardoso HGG, Silva Costa H, Feitosa MVFVV, Coutinho VVA, & Figueiredo Júnior JC. Câncer de mama: impacto e sentimentos na vida da mulher. Revista Pró-UniverSUS. 2020;11(1):14-20.
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